quarta-feira, 8 de abril de 2009

TATUAGEM JAPONESA



A tatuagem, ou irezumi, no Japão, é uma cultura milenar. Seus primeiros indícios apontam para o período Jomon (8.000 a.c. até 300 a.c.) com representações humanas de corpos tatuados retratados em vasos de cerâmica. Durante os longos séculos que vem sendo praticada, o irezumi reuniu diversos significados e em tempos mais recentes esteve proibida até o fim da Segunda Guerra Mundial.

Originalmente a tatuagem era utilizada unicamente com o intuito de marcar criminosos como uma forma de fácil reconhecimento e punição. Foi apenas no final período Edo (1603 a.c. e 1867 a.c.), quando acontece a entrada do Japão na Idade Moderna, que em oposição às altas classes marciais, a massa populacional começou a desenvolver sua própria cultura separadamente. Desenvolveu-se então o tebori a partir da técnica usada para pinturas de blocos de madeira, daí seu nome que quer dizer “entalhar”, “gravar com as mãos”.

Inspirados nos heróis das histórias dos 108 Heróis de Suikoden, os bandidos honrados, baseado no romance clássico chinês Shui-Hi-Chuan, os japoneses passaram a se tatuar ritualística e dolorosamente com desenhos baseados no folclore japonês, como dragões, cobras gigantescas, leões chineses, figuras religiosas. Os guerreiros Samurai passaram reconhecer na tatuagem uma prova de coragem, princípio que foi copiado pela organização mafiosa Yakuza que a compreende também como um compromisso de lealdade do membro para com a instituição.

O tebori é um método tribal que utiliza longas hastes feitas de marfim, madeira ou bambu, mergulhadas em tintas especiais inseridas na pele por pontadas repetitivas. Tudo feito manualmente, sem ajuda de máquinas, resultando em um traço mais suave que a tatuagem feita com máquina.

Uma irezumi consiste em um tema principal que ocupa geralmente grandes proporções na pele, como as costas, pernas e braços inteiros, com flores, animais, dragões e samurais. O processo inteiro de uma grande tatuagem feita com a técnica Tebori leva meses ou mesmo anos para se completar

A diferença entre a tatuagem ocidental, feita a máquina, e o Tebori, está na maneira artesanal que o último é realizado, desde o preparo das tintas, das agulhas até o método de inserir a tinta na pele. São usadas de duas a cinco agulhas para fazer as linhas mais finas do contorno. Para as linhas mais grossas são usadas de dez até doze agulhas. No preenchimento preto e sombreamento conhecido como Bokashi são usadas de vinte a trinta agulhas em três fileiras.

O novo tatuador que quer aprender a técnica do Tebori com um mestre japonês tem que seguir algumas normas como: Nos primeiros dois anos de aprendizado, são feitos apenas trabalhos secundários como a limpeza e manutenção do estúdio, preparar o almoço do cara, etc. Depois o mestre ensina a tatuar aos poucos. O principal método de aprendizagem é assistir o mestre tatuar, depois de alguns anos de aprendizagem o discípulo trabalha um ano como tatuador, repassando todo dinheiro ao mestre como pagamento.

A técnica japonesa de tatuagem não é muito divulgada no Brasil, mas existem alguns tatuadores nacionais que se especializaram em Tebori. Por ser um método que exige muito fisicamente do tatuador e do tatuado acaba sendo pouco procurado, ficando restrito aos mais corajosos apreciadores da cultura oriental.

Fonte: www.culturaenutil.blogspot.com